Como se preparar de forma equilibrada para começar muito bem o ano

09 out 20

O fim do ano pode ser um momento muito estressante para muitas pessoas. Isso porque chegamos naquele momento de “balanço do ano”: O que fizemos,  o que deixamos de fazer, o que cumpimos, o que falhamos, quais coisas vamos levar para o próximo ano e quais hábitos vamos abandonar de vez.

Segundo o médico psiquiatra e professor da Escola Paulista de Medicina Jair Mari, nessa época do ano, as pessoas são levadas a refletir mais sobre o ano e fazer  balanços de suas vidas, aqueles que tiveram alguma experiência negativa vão naturalmente estar mais estressados: “O problema é que existe uma expectativa muito grande da sociedade de que você tenha se dado bem. Precisa ter feito conquistas em casa, no trabalho, ter comprado um carro novo, feito uma poupança.”¹

E é aí que a listinha de ano novo que prometemos cumprir se transforma (erroneamente) num medidor do sucesso. Se você cumpriu, ótimo, venceu. Se você deixou de cumprir alguma meta, fracasso. Mas não funciona bem assim. 

Segundo a Neurocientista Thais Gameiro “nossas metas e objetivos (pessoais ou profissionais) normalmente envolvem conquistas ou desfechos que ocorrerão no futuro. Ou seja, na maioria das vezes precisamos adotar comportamentos ou fazer esforços no presente para conquistar resultados que só poderão ser vistos ou mensurados no longo prazo. As metas precisam ser divididas em tarefas aplicáveis ao dia a dia. O cérebro é irracional em 95% do tempo. Por mais paradoxal que seja, os processos cerebrais que nos levam a tomar decisões são involuntários. Isso porque o cérebro está condicionado a se adaptar ao ambiente do entorno e ao que está acontecendo no momento. É uma questão evolutiva: para sobreviver, é importante responder e se adaptar ao aqui e ao agora.”²

De acordo com Thais enxergar os benefícios de longo prazo é mais limitada: “Somos mais sensíveis a recompensas e respostas imediatas, mais tangíveis e fáceis de serem percebidas pelo cérebro como algo concreto”, ressalta Thais. 

Por isso, a dificuldade de cumprir as metas ao longo do ano gera muito mais estresse no fim do ano e consequentemente compromete o equilíbrio do corpo e da mente. Em geral as metas são de médio e longo prazo, como se organizar financeiramente e montar uma reserva de emergência, trocar de emprego, fazer atividade física ou perder peso. O resultado vem com o tempo, mas exige tarefas e treinos diários. É nesse momento que o cérebro nos “boicota”, porque se preocupa com o que está acontecendo agora, explica.²

Para driblar esse boicote Thais sugere que as metas sejam plausíveis e alocadas no tempo: “O mais importante é aproximar o benefício e o resultado desse novo comportamento e objetivo que quer cumprir”, recomenda. Prefira prazos mais curtos. Por exemplo: metas trimestrais em vez de uma única e genérica para o ano todo. Quando focamos no benefício que só ocorre no futuro, ficamos mais suscetíveis a perder o foco do objetivo principal, já que o cérebro tende a ir para as distrações que oferecem recompensas imediatas, que muitas vezes são opostas a nossa meta inicial. 

Thais complementa que “uma das formas mais eficientes de alcançar uma meta maior, de longo prazo, é quebrá-la em pequenas metas mais tangíveis e fáceis de serem cumpridas imediatamente. Precisamos de feedback imediato para ajustar nosso comportamento e tomada de decisão. Sem feedback, o cérebro fica perdido e acaba tomando atitudes mais impulsivas e baseadas em estimativas abstratas e pouco precisas”. 

Simplificar o plano final pode ser uma boa estratégia, segundo Thais. Ter em mente o desejo e dividir ele em pequenas partes que podem ser alcançadas mais rapidamente. Por exemplo: Se você quer perder peso, tenha a meta de ir para a academia ou treinar em casa a semana toda, uma semana de cada vez, um mês de cada vez e assim por diante. 

Outra maneira de manter suas metas em primeiro plano é sempre ver as adversidades pelo lado bom. isso impede você de desistir dos seus objetivos. Para a especialista em Desenvolvimento do Potencial Humano e professora de MBA em Psicologia Positiva Gaya Machado, “a ciência da felicidade e do bem-estar subjetivo pode ser uma grande aliada trazendo caminhos para potencializar as emoções positivas e melhorar a saúde física e mental”.³

Ver o lado bom das coisas pode ser uma ótima forma de começar o ano mais motivado e equilibrado. Quando você tem atitudes positivas e está disposto a mudar sua rotina por uma mais saudável é fácil encontrar o equilíbrio: “A psicologia positiva comprova que nosso estado geral de felicidade é impactado em apenas 10% pelas coisas que nos acontecem, as circunstâncias. 50% deste total é guiado por nossa genética e 40% é escolha individual de cada um. Os pesquisadores afirmam que esta seria a fórmula da felicidade. Isso significa que você, a despeito do que te aconteça, através de seus pensamentos e comportamentos, tem o poder de redirecionar suas emoções para um estado mais ou menos positivo”, explica.³

E, com um novo ano prestes a começar, com inúmeras possibilidades a serem exploradas, colocar mais atitudes positivas no seu dia a dia, pode trazer ainda mais qualidade de vida e equilíbrio para lidar com os desgastes do fim do ano e começar um novo momento muito melhor e mais equilibrado: “Pode ser difícil sentir alegria, mas podemos, por exemplo, escolher alimentar a esperança de que as coisas irão melhorar. Ao invés de alimentar o medo, é possível se focar em adotar uma postura de gratidão pelo que temos de positivo. E sempre é importante nos conectarmos com nosso propósito maior, para que o desânimo não nos domine. Como dizia o psiquiatra Viktor Frankl, quando não podemos mais mudar uma situação, somos desafiados a mudar a nós mesmos.”, explica Gaya.³

1. MARI, JAIR. Psiquiatra e professor da Escola Paulista de Medicina de São Paulo. 2002. https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1512200207.htm

2. GAMEIRO, THAIS. Neurocientista – sócia da Nêmesis, empresa que oferece assessoria e educação corporativa na área de Neurociência Organizacional. 2020.

https://www.revistahsm.com.br/post/neurocientista-ensina-como-estabelecer-e-cumprir-metas-para-2020

https://www.revistahsm.com.br/post/neurocientista-ensina-como-estabelecer-e-cumprir-metas-para-2020

3. MACHADO, GAYA. Especialista em Desenvolvimento do Potencial Humano e professora de MBA em Psicologia Positiva Gaya Machado. 2020.

https://www.gazetadepinheiros.com.br/2020/05/08/atitude-mental-positiva-pode-melhorar-a-saude-emocional-em-tempos-de-isolamento-social/
https://portalgiro.com/como-a-atitude-mental-positiva-pode-melhorar-a-saude-emocional-em-tempos-de-isolamento-social/

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